Por muito tempo a maquiagem foi associada de forma muito negativa nas Assembléias de Deus no Brasil. Apesar de já muitas igrejas já terem reconsiderado seu posicionamento a respeito desta técnica de realce da beleza feminina, há tantas outras ainda ferrenhamente contra o uso de maquiagem. Sem entrar no mérito bíblico desta questão gostaria de chamar atenção para outra maquiagem, esta sim super danosa e altamente prejudicial – a maquiagem do mal.
O que mais assusta é que o lugar onde mais esta maquiagem é encontrada é no meio das religiões. A maquiagem do mal ilude até mesmo líderes que desatentos ou por uma distração ou ainda, infelizmente, planejadamente dá contornos de piedade a algo essencialmente maligno. Abaixo apresento algumas ações usadas para maquiar o mal:
a) Patrimônio e ofertas maquiam obediência. Saul, rei de Israel, recebeu ordem do Senhor para destruir “totalmente a tudo o que tiver” na batalha contra Amaleque. Mas Saul não o fez e ao ser indagado por Samuel do balido de ovelhas e mugido de vacas que era ouvido respondeu: “De Amaleque as trouxeram; porque o povo poupou ao melhor das ovelhas, e das vacas, para as oferecer ao SENHOR teu Deus”. Tão bonita a declaração, guardou o melhor para oferecer a Deus! Tão bem maquiado o mal que parece tratar-se de um homem no exercício da piedade. A malignidade deste fraseado lindo é escancaradamente condenada pelo profeta em I Sm 15.22,23. Hoje a tática de Saul continua sendo empregada. Em nome de agigantar o patrimônio e levantar grandes ofertas vale tudo, afinal isso é para o Senhor! Esta lógica daninha demonstra o quanto a igreja tem sido influenciada pelo espírito capitalista, onde Mamon é a ordem ética e de valor. O importante é o resultado, é o capital, não importa os meios. Este foi o caminho de Saul e não podendo ser diferente o seu destino foi trágico.
b) Reputação maquia o caráter. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mt 23.27,28). Muitos crentes fazem o maior esforço para resguardar sua reputação. Se fizessem metade daquele esforço para trabalhar o seu caráter, logo deixaria de lado a preocupação com sua reputação. Só se preocupa sem medidas com a reputação quem precisa esconder seu caráter. Pois reputação é como os outros o vêem e caráter é o que você é. Como os fariseus, não deixaram de existir apenas mudaram de nome, agora se chamam crentes, há muita gente preocupada em pintar os seus sepulcros e ornamentá-los. A questão é que os ossos e a imundícia permanecem por trás do bem cuidado sepulcro. Pastores e crentes com reputação e sem caráter não passam de belos jazigos aos olhos dos transeuntes mais que são restos mortais cujo “o mau cheiro” Deus faz “subir as suas narinas” e daqueles que estão mais próximos.
c) Estereótipo maquia a Vida. “O reino de Deus não vem com aparência exterior”(Lc 17.20); Ordenanças “as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Cl 2.23 “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” II Tm 3.5 Construiu-se um modelo do que é ser crente: roupa, penteado, palavras, entonação, ativismo e outros ingredientes. Eu, por exemplo, estou fora deste modelo, barba ou cavanhaque não atendem a estereótipo popularmente construído. Não poucas vezes abordaram-me perguntando se não temia não subir no arrebatamento. A pergunta que resta é: Fomos salvo pelo sangue de Cristo ou pelo Prestobarba? Quantos têm atendido às aparências exigidas e sua vida anda mais longe de Deus do que outrora quando não estavam sentados nos bancos de nossas igrejas? Como disse Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas
vezes mais do que vós.”
d) Dons espirituais maquiam a espiritualidade. “De maneira que nenhum dom vos falta”! Co 1.7 “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...) Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? ” I Co 3.1,3. A idéia disseminada de que é espiritual quem fala em outras línguas, profetiza, pula, sapateia mina a visão correta da verdadeira espiritualidade que é manifesta pelo fruto do Espírito.
e) “Palavras piedosas” maquiam intenções ímpias. Quando aquela mulher cujo nome a história não registrou pegou o vaso de alabastro, com o precioso ungüento de nardo puro e derramou sobre a cabeça do mestre. Os maquiadores de plantão logo se indignaram: “Para que se fez este desperdício de ungüento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres.” (Mc 14.4,5) A intenção destes maquiadores era de fato ajudar aos pobres? Ou será que era outra a intenção?
A Maquiagem do Mal tem enganado a muitos, enquanto muitos estão ocupados em combater a maquiagem feminina, não se dão conta que estão maquiando o mal ou maquiados pelo mal. Abaixo a maquiagem do mal. Vivamos a obediência, o caráter, a vida e a espiritualidade!
1.12.09
Maquiagem do Mal
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Hilquias Benício
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13:18
27.10.09
O Milagre Brasileiro: O Céu é Aqui?
Há cerca de 40 anos o Brasil sob a mão de ferro da ditadura militar vivenciava o que se convencionou chamar “Milagre Econômico”. Tempos cuja taxa de crescimento ultrapassava 10% ao ano e a seleção canarinho ganhava seu tricampeonato. Apesar de alguma melhora na vida do cidadão comum o que sabemos é que esta época é foi marcada pela não divisão do bolo, o bolo cresceu e poucos ficaram com ele. Aumentou a concentração de renda e a pobreza.
Hoje o Brasil vive um momento que chamei no título de “Milagre Brasileiro” após as galopantes inflações da década de 80 onde os ricos ficavam ricos sem produzir nada, pois ganhavam mais com o dinheiro no banco que aplicado em produção. E os pobres assalariados tinham que correr ao supermercado a fim de que seu dinheiro ainda valesse alguma coisa antes do dia amanhecer e não desse mais para comprar o que compraria na noite anterior, pois as maquininhas remarcadoras de preço funcionavam várias vezes ao dia. Agora o salário mínimo que ainda não atende o que rege a Carta Magna, equivale a mais de U$ 250! Repito, ainda não atende as necessidades previstas no texto constitucional, mas em pensar que políticos há alguns anos brigavam para aumentar o valor do salário mínimo a U$ 100 vê-se um progresso. Diante da crise mundial causada pelos créditos podres da economia norte-americana, o Brasil foi o menos afetado e o que mais rápido apresentou sinais de recuperação. Faz parte do principal grupo das decisões econômicas do cenário internacional o G-20. Está também no BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). Há quem acredite que este grupo ditará a nova ordem econômica mundial. O Brasil também luta por uma vaga permanente no conselho de segurança da ONU. Noticiou recentemente as reservas de pré-sal e é o único país detentor de tecnologia e know-how para exploração de petróleo em águas profundas. O ouro negro! Para os críticos desta riqueza suja, o Brasil possui base energética limpa: hidrelétrica, etanol, solar, eólica e tem potencial para gerar energia pelo movimento das ondas marítimas nesta vasta extensão litorânea. No cenário político internacional percebe-se o novo posicionamento do Brasil nas vitoriosas candidaturas a sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Em um curto espaço de tempo será o centro dos dois maiores eventos esportivos do mundo.
As melhoras também se apresentam na diminuição da taxa de analfabetismo, aumento da expectativa de vida, redução da taxa de mortalidade infantil, mais de 12 milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza entre 2006 e 2008, mais domicílios ligados a rede de esgoto, socialização da rede mundial com crescimento do número de brasileiros com acesso à internet, redução da desigualdade de renda e tantos outros indicadores sócio-econômicos. É claro que estamos longe de países ditos desenvolvidos, mas não se pode negar de forma alguma os passos dados até aqui, e as mudanças significativas devem estimular a continuar sonhando com um Brasil cada vez melhor.
E por que gastei estes três parágrafos para explicar o “Milagre Brasileiro”? Para nos incitar a refletir sobre a troca da esperança celeste pela esperança terrestre, que se apresenta na prática pastoral e teológica na atual conjuntura da igreja brasileira. Na década de 80 as mensagens eram predominantemente escatológicas nos templos assembleianos. A esperança era celeste a ponto de ignorar a responsabilidade aqui, como alguns crentes tessalônicos havia quem nem queria mais trabalhar. Outros chegavam ao extremo, quando meus pais me tiraram de um colégio para um outro de melhor qualidade de ensino e, portanto, cobravam a mensalidade mais cara. Neste mesmo período a mãe de um colega de classe disse para minha mãe: Esmeralda, eu que não gastarei dinheiro com colégio, Jesus já está voltando! Já nos idos de 80 para cá a mensagem tem sido: vamos construir nosso céu aqui! As pessoas tem gostado tanto disto que já querem trocar o céu por uma estadia permanente aqui. Se uma geração esqueceu a terra, a outra esqueceu o céu. Será que a próxima esquecerá Deus?
Esta nova conjuntura que se formará em alguns anos revelará se a religiosidade brasileira é uma busca sincera por Deus ou uma fuga de problemas ou uma busca de riquezas.
Escrevi tudo isso para perguntar: Qual teologia responderá a nova situação social e econômica de um novo Brasil? Estaremos prontos para a nova prática pastoral exigida pelo novo contexto? Ou deixaremos para refletir quando acontecer? Como igreja viveremos mais uma vez atrasados em relação às mudanças do novo tempo?
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Hilquias Benício
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14:33
21.8.09
Exército de Voluntários ou Exército de Soldados?
Dia 25 de agosto é o Dia Nacional do Voluntariado. Ser voluntário é doar seu tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e com isso melhorar a qualidade de vida da comunidade. A definição do serviço voluntário é nobre e conquistadora. A Lei do Voluntariado (9.608/98) define juridicamente como o trabalho sem remuneração e sem vínculo empregatício prestado a entidades sem fins lucrativos com objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. Então é um ato de se doar, de servir ao próximo, de colocar ao dispor do interesse coletivo nossos recursos pessoais. Tudo isso é muito belo e nobre. E em termos práticos o cristão deve “servir sem esperar nenhuma retribuição, apenas por amor ao próximo” como lemos em A Revolução do Voluntariado, de Hybels.
No entanto, o voluntariado traz consigo a compreensão da liberdade volitiva do ser em tomar parte em ações contributivas para a comunidade. E quando se fala do serviço cristão no corpo de Cristo em termos voluntários construímos a idéia de que o trabalho cristão é opcional, cabendo responder as demandas da seara de acordo com a minha volição (vontade) e não em atendimento a necessidade ou submissão à vocação que recebemos do nosso Senhor.
A igreja desde que se trabalhou o conceito de voluntários tem perdido bastante da presença de cristãos dispostos a trabalhar. É como canta o grupo Logos “quem ontem era servo agora acha-se senhor”. Não pesando mais, neste novo conceito de trabalho nas igrejas, o entendimento de nossa responsabilidade e privilégio como escravo (doulos = servo, escravo) de Cristo. Assim participa-se das reuniões e cultos na igreja local, mas não se compromete com nenhum ministério na casa do Senhor.
O apóstolo Paulo sempre se viu como servo na causa de Cristo, nunca como voluntário. E, depois de Cristo, Paulo é o maior nome do cristianismo. Quem foi adquirido por preço de sangue não se pode dar ao luxo de querer dizer o que fará ou o que não fará, simplesmente se rende diante do grande amor de Deus que lhe resgatou e lhe fez nova criatura e diz: “Eis-me aqui Senhor, envia-me a mim”.
Que pensar das palavras de nosso próprio Senhor quando ao dirigir-se ao Pai falou: “seja feita a tua vontade”? O trabalho voluntário pode ser descontinuado em favor do interesse do voluntário. O serviço cristão jamais pode ser abandonado pelo senso de conforto do servo, pois este serve em obediência ao seu Senhor. Procurando não agradar a si, mas Aquele que o alistou para a boa obra – “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” II Tm 2.4 Logo, somos participantes como pontua Erwin Lutzer, no livro de Pastor para Pastor, não de um exército de voluntários, mas um exército sob ordens.
William Hauser, coronel reformado, citado por Lutzer chama atenção que quando o serviço militar americano tornou-se facultativo quatro elementos para a “disposição para lutar” foram abalados. São eles:
- Aprender a submissão: pela realização repetida de tarefas desagradáveis;
- Vencer o medo: conhecer companheiros e confiar neles para incentivar combaterem lado a lado ao invés de fugirem do combate;
- Despertar a lealdade: a exigência do exército que os homens trabalhem, durmam e se alimentem juntos nutri o senso de responsabilidade pelo bem-estar mútuo;
- Desenvolver senso de orgulho: lembrando ao soldado que os outros dependem dele o que valoriza sua contribuição para a segurança e unidade.
Será que o conceito de voluntariado nos círculos eclesiásticos, em detrimento do conceito vocacional e de servo, tem sido um ingrediente em favor da insubmissão, medo, traição?
Os quatros elementos observados por Hauser foram fortemente reduzidos quando o serviço militar tornou voluntário. Tendo em vista que o interesse pessoal prevalece sobre o interesse da nação. De igual forma podemos dizer que quando nossos interesses pessoais prevalecem sobre o do Reino não viveremos o serviço cristão, mas o voluntariado o que difere de todo chamado e eleição apresentado nas Sagradas Escrituras. Toda disposição nossa é em obediência ao chamado de nosso General e não em escolher o que fazermos.
Que cristãos participem de campanhas de trabalho voluntário, assinem termo de adesão ao trabalho voluntário, contudo estejam movidos sobretudo pelo amor e serviço a Deus que se manifestará naturalmente numa ação positiva para com o próximo que além de expresssar saúde espiritual há estudos que demonstram que o doar-se em prestação ao próximo é fator de saúde e maior longevidade em relação aos que vivem ensimesmados.
¹ http://www.voluntariado.org.br/seja_voluntario/o_que_e.htm em 11/08/2009 às 13h17
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Hilquias Benício
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15:44
27.6.09
Cooperação
Prossigamos com nossa conversa sobre cooperação ou operação conjunta iniciada na edição passada.
Tive a grata satisfação de receber um vídeo nestes dias de um texto que já algum tempo houvera lido. O vídeo retratava uma assembléia na carpintaria. O enredo tem mais semelhanças com a nossa fé do que simplesmente o ofício ali exercido, que é o mesmo do nosso Mestre. Cooperação e valorização do próximo são patentes na conclusão desta reunião da carpintaria.
Este binômio - cooperação e valorização - precede a própria criação do homem. No ato criativo de Deus percebemos isto quando Deus em seu relacionamento trino decide “façamos o homem” (cooperação dentro do santo mistério da Trindade na criação de Adão) “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (valorização do outro, Adão, ainda que inferior, criatura, Deus eleva-o a sua imagem e semelhança).
Após a criação do homem tem-se o mandato cultural de Deus, esta é a comissão que nós pentecostais às vezes ignoramos. Deus ainda que autosuficiente e não precisando de ninguém convida o homem a cooperar com Ele no zelo e cuidado pela criação, colocando-o como mordomo (valorização) sobre toda a criação.
Deus criou também uma cooperadora para Adão, que recebeu o nome de Eva, cabia-lhe ser ajudadora no cumprimento da comissão cultural. Deus ensina neste episódio que não é bom estar só, a humanidade não foi criada para viver isolada e numa concepção individualista, mas um viver relacional e cooperativo. E que o segundo humano que Deus cria é do gênero feminino, ensinando-nos também com isto a complementaridade e diversidade nas relações de cooperação. Pois, desde princípio Deus mostrou a singularidade de cada ser humano. E esta singularidade fala-nos da valorização de Deus que nos fez diferentes e únicos. E por sermos diferentes e únicos somos tão importantes neste grande quebra-cabeça que delinea o grande Plano de Deus. E como peças deste plano divino precisamos uns dos outros, quer direta ou indiretamente. E precisamos de Jesus Cristo, pois como ele mesmo disse: “sem mim nada podeis fazer.” Ele, o Senhor, é o dono deste quebra-cabeça, deste plano, só ele sabe em profundidade a importância de cada ser. E apesar de poder cumpri-lo à parte da vontade e querer humanos, Ele decide contar conosco e nos faz cooperadores de Deus também na Grande Comissão.
Ora se Deus, que não precisa de nós, decide contar conosco naquilo que lhe é mais precioso. Como nós somos audaciosos em querer fazer sozinho o que Deus nos chama a fazer como corpo de Cristo. Como nós olhamos para o outro e o rejeitamos porque ele não se enquadra dentro de nossos padrões e o excluímos até do Céu, como se fôssemos Deus!!! Porque és pés não falo contigo és imundo. Porque és ouvido e não olhos não tenho parte contigo! Meu Deus que cristianismo estamos vivendo! Quando a palavra nos diz que até mesmo os membros que reputamos menos honrosos a esses honramos muito mais! Quando ela assim o diz o fala para praticarmos a vida como igreja corpo de Cristo. E Igreja corpo de Cristo não fala de uma denominação particular, fala de todos aqueles que se refugiam na cruz do Calvário! E esta cruz de nosso Senhor Jesus Cristo é poderosa para apagar qualquer placa denominacional. Caso contrário, somos seguidores de denominações e instituições humanas e não seguidores de Cristo.
Quando compreendemos isso valorizamos o nosso próximo, mesmo aqueles que não chegaram ao conhecimento da Verdade. E ainda mais, jamais nos comportamos como o Olho que mora em I Coríntios 12.21 que diz à mão “Não tenho necessidade de ti”, pois compreendemos a importância do próximo e o valorizamos, e entendemos que precisamos dele e ele de nós, trabalhamos em cooperação.
Que a reflexão deste texto nos faça cooperativos com o próximo independente que seja um publicano odiado, uma mulher desprezível no poço de Samaria, alguns leprosos excluídos, ou trazer para junto de si um zelote, ou escandalizar todo um sistema pela razão de você valorizar o próximo acima das coisas estendendo a sua mão em cooperação.
Convido você a assistir o vídeo da carpintaria, você verá que sempre o outro tem um valor, uma virtude para cooperar num objetivo maior. Se aqueles instrumentos chegaram a uma conclusão tão elevada eu e você criados a imagem e semelhança de Deus precisamos ir além.
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Hilquias Benício
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17:47
20.6.09
Cooperação e Rivalidade
De passagem pela segunda cidade mais alemã do sul do Brasil, Nova Petropólis, parei na praça das flores. Bela praça florida e com o famoso labirinto verde. Mas naquela praça a algo nem sempre retratado, trata-se de um monumento ao cooperativismo. Pessoas diferentes dispondo de suas forças e competências de forma conjunta de tal forma a alcançarem melhores resultados, ou outras vezes até tornar possível alcançar algum resultado.
Observar aquele monumento mexeu com meu íntimo ao considerar nossa relação com Deus e nossa interrelação no Corpo de Cristo. Ao pensar em nosso modo não apenas de pensar eclesiologia (doutrina da igreja) como o modo de viver a nossa eclesiologia. Quando muitas vezes reduzimos o Reino de Deus ao reino da Assembléia de Deus, ou ainda, ao reino da minha congregação, e não poucas vezes, aos reinos personalistas do eu. Perdemos de vista o caráter da unidade e diversidade do corpo de Cristo. Ignoramos os ensinos bíblicos e arvoramos como únicos detentores da verdade nos degladiando entre nós mesmos. Assembléias contra Assembléias, pastores contra pastores. Irmãos que são desligados por terem participado de um culto em uma igreja co-irmã. Meu Deus!!! Onde estamos!? Já se disse que uma das características de seita é proclamar exclusividade de salvação, destronando tal graça do próprio Deus. Como podemos dizer que somos filhos de Deus, se tomamos emprestado o tridente do desenho medieval do demônio e lutamos contra aqueles que foram comprados pelo mesmo sangue? Seremos filhos de Deus ao plantarmos a semente do divisionismo, do rivalismo, do partidarismo? É o poder do sangue de Cristo que nos remiu menor que a força do poder político eclesiástico ou da placa ministerial pendurada na fachada do templo? De modo algum!
Qual a razão de disputas entre igrejas, ministérios, seminários, rádios, pastores, membros e congregados? Porque olhamos para asilos, escolas confessionais, casas de recuperação, associações e as criticamos e propomos criar outra em um novo modelo? Numa nova visão? Será que as motivações são corretas? Ou são elas fruto de nosso orgulho pessoal ou denominacional? Porque nunca pensamos em unir forças? Visto que há delas que aqui e acolá quase fecham as portas? Não seria mais sensato de nossa parte auxiliar do que montar uma nova estrutura? Até mesmo os comerciantes para buscarem sobreviver buscam se associar, como temos a rede de supermercados Super Rede que se uniram para sobreviver e crescer, e nós filhos de Deus cada vez mais nos separamos e rivalizamos uns com os outros. Como isso pode acontecer? Porque somos ensinados a viver um separatismo e não um cooperativismo. Porque falhamos em ministrar a belíssima metáfora paulina da igreja como sendo um corpo que sendo diferentes membros só são corpo no conjunto e jamais serão corpo se os membros estiverem separados. Quando falo falhamos em ministrar digo não a elaboração de um belo discurso em um culto doutrinário, falo inclusive do viver pastoral que comunica esta irmandade, respeito e estende as mãos para trabalhar conjuntamente ao invés de virar as costas e falar mal da igreja A ou B ou do pastor X ou de um projeto social delta.
Para alguns esta leitura é fácil. Mas para muitos esta leitura é por demais inconveniente, aliás viveram a história separatista, viveram momentos tensos que ainda estão cravados em sua memória, viveram perseguição ou ainda foram os próprios perseguidores. E afinal o que fazer? Olhar amorosamente para nossos irmãos lembrando que eu e você não merecemos, mas somos amados por Deus em Cristo Jesus. E fica como sugestão: Tente amar aqueles do rebanho de Deus sob seus cuidados que você julga mais difícil de fazê-lo e prossiga estendendo este amor aqueles que estão em Cristo embora não estejam no rol de membro da igreja que você pastoreia nem no rol de membros de outra igreja da mesma convenção que a sua. Afinal precisamos rever nosso pensar e nossa prática eclesiológica.
Postado por
Hilquias Benício
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09:08