20.6.09

Cooperação e Rivalidade

De passagem pela segunda cidade mais alemã do sul do Brasil, Nova Petropólis, parei na praça das flores. Bela praça florida e com o famoso labirinto verde. Mas naquela praça a algo nem sempre retratado, trata-se de um monumento ao cooperativismo. Pessoas diferentes dispondo de suas forças e competências de forma conjunta de tal forma a alcançarem melhores resultados, ou outras vezes até tornar possível alcançar algum resultado.

Observar aquele monumento mexeu com meu íntimo ao considerar nossa relação com Deus e nossa interrelação no Corpo de Cristo. Ao pensar em nosso modo não apenas de pensar eclesiologia (doutrina da igreja) como o modo de viver a nossa eclesiologia. Quando muitas vezes reduzimos o Reino de Deus ao reino da Assembléia de Deus, ou ainda, ao reino da minha congregação, e não poucas vezes, aos reinos personalistas do eu. Perdemos de vista o caráter da unidade e diversidade do corpo de Cristo. Ignoramos os ensinos bíblicos e arvoramos como únicos detentores da verdade nos degladiando entre nós mesmos. Assembléias contra Assembléias, pastores contra pastores. Irmãos que são desligados por terem participado de um culto em uma igreja co-irmã. Meu Deus!!! Onde estamos!? Já se disse que uma das características de seita é proclamar exclusividade de salvação, destronando tal graça do próprio Deus. Como podemos dizer que somos filhos de Deus, se tomamos emprestado o tridente do desenho medieval do demônio e lutamos contra aqueles que foram comprados pelo mesmo sangue? Seremos filhos de Deus ao plantarmos a semente do divisionismo, do rivalismo, do partidarismo? É o poder do sangue de Cristo que nos remiu menor que a força do poder político eclesiástico ou da placa ministerial pendurada na fachada do templo? De modo algum!

Qual a razão de disputas entre igrejas, ministérios, seminários, rádios, pastores, membros e congregados? Porque olhamos para asilos, escolas confessionais, casas de recuperação, associações e as criticamos e propomos criar outra em um novo modelo? Numa nova visão? Será que as motivações são corretas? Ou são elas fruto de nosso orgulho pessoal ou denominacional? Porque nunca pensamos em unir forças? Visto que há delas que aqui e acolá quase fecham as portas? Não seria mais sensato de nossa parte auxiliar do que montar uma nova estrutura? Até mesmo os comerciantes para buscarem sobreviver buscam se associar, como temos a rede de supermercados Super Rede que se uniram para sobreviver e crescer, e nós filhos de Deus cada vez mais nos separamos e rivalizamos uns com os outros. Como isso pode acontecer? Porque somos ensinados a viver um separatismo e não um cooperativismo. Porque falhamos em ministrar a belíssima metáfora paulina da igreja como sendo um corpo que sendo diferentes membros só são corpo no conjunto e jamais serão corpo se os membros estiverem separados. Quando falo falhamos em ministrar digo não a elaboração de um belo discurso em um culto doutrinário, falo inclusive do viver pastoral que comunica esta irmandade, respeito e estende as mãos para trabalhar conjuntamente ao invés de virar as costas e falar mal da igreja A ou B ou do pastor X ou de um projeto social delta.

Para alguns esta leitura é fácil. Mas para muitos esta leitura é por demais inconveniente, aliás viveram a história separatista, viveram momentos tensos que ainda estão cravados em sua memória, viveram perseguição ou ainda foram os próprios perseguidores. E afinal o que fazer? Olhar amorosamente para nossos irmãos lembrando que eu e você não merecemos, mas somos amados por Deus em Cristo Jesus. E fica como sugestão: Tente amar aqueles do rebanho de Deus sob seus cuidados que você julga mais difícil de fazê-lo e prossiga estendendo este amor aqueles que estão em Cristo embora não estejam no rol de membro da igreja que você pastoreia nem no rol de membros de outra igreja da mesma convenção que a sua. Afinal precisamos rever nosso pensar e nossa prática eclesiológica.