1.12.09

Maquiagem do Mal

Por muito tempo a maquiagem foi associada de forma muito negativa nas Assembléias de Deus no Brasil. Apesar de já muitas igrejas já terem reconsiderado seu posicionamento a respeito desta técnica de realce da beleza feminina, há tantas outras ainda ferrenhamente contra o uso de maquiagem. Sem entrar no mérito bíblico desta questão gostaria de chamar atenção para outra maquiagem, esta sim super danosa e altamente prejudicial – a maquiagem do mal.

O que mais assusta é que o lugar onde mais esta maquiagem é encontrada é no meio das religiões. A maquiagem do mal ilude até mesmo líderes que desatentos ou por uma distração ou ainda, infelizmente, planejadamente dá contornos de piedade a algo essencialmente maligno. Abaixo apresento algumas ações usadas para maquiar o mal:

a) Patrimônio e ofertas maquiam obediência. Saul, rei de Israel, recebeu ordem do Senhor para destruir “totalmente a tudo o que tiver” na batalha contra Amaleque. Mas Saul não o fez e ao ser indagado por Samuel do balido de ovelhas e mugido de vacas que era ouvido respondeu: “De Amaleque as trouxeram; porque o povo poupou ao melhor das ovelhas, e das vacas, para as oferecer ao SENHOR teu Deus”. Tão bonita a declaração, guardou o melhor para oferecer a Deus! Tão bem maquiado o mal que parece tratar-se de um homem no exercício da piedade. A malignidade deste fraseado lindo é escancaradamente condenada pelo profeta em I Sm 15.22,23. Hoje a tática de Saul continua sendo empregada. Em nome de agigantar o patrimônio e levantar grandes ofertas vale tudo, afinal isso é para o Senhor! Esta lógica daninha demonstra o quanto a igreja tem sido influenciada pelo espírito capitalista, onde Mamon é a ordem ética e de valor. O importante é o resultado, é o capital, não importa os meios. Este foi o caminho de Saul e não podendo ser diferente o seu destino foi trágico.

b) Reputação maquia o caráter. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mt 23.27,28). Muitos crentes fazem o maior esforço para resguardar sua reputação. Se fizessem metade daquele esforço para trabalhar o seu caráter, logo deixaria de lado a preocupação com sua reputação. Só se preocupa sem medidas com a reputação quem precisa esconder seu caráter. Pois reputação é como os outros o vêem e caráter é o que você é. Como os fariseus, não deixaram de existir apenas mudaram de nome, agora se chamam crentes, há muita gente preocupada em pintar os seus sepulcros e ornamentá-los. A questão é que os ossos e a imundícia permanecem por trás do bem cuidado sepulcro. Pastores e crentes com reputação e sem caráter não passam de belos jazigos aos olhos dos transeuntes mais que são restos mortais cujo “o mau cheiro” Deus faz “subir as suas narinas” e daqueles que estão mais próximos.

c) Estereótipo maquia a Vida. “O reino de Deus não vem com aparência exterior”(Lc 17.20); Ordenanças “as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Cl 2.23 “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” II Tm 3.5 Construiu-se um modelo do que é ser crente: roupa, penteado, palavras, entonação, ativismo e outros ingredientes. Eu, por exemplo, estou fora deste modelo, barba ou cavanhaque não atendem a estereótipo popularmente construído. Não poucas vezes abordaram-me perguntando se não temia não subir no arrebatamento. A pergunta que resta é: Fomos salvo pelo sangue de Cristo ou pelo Prestobarba? Quantos têm atendido às aparências exigidas e sua vida anda mais longe de Deus do que outrora quando não estavam sentados nos bancos de nossas igrejas? Como disse Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas
vezes mais do que vós.”

d) Dons espirituais maquiam a espiritualidade. “De maneira que nenhum dom vos falta”! Co 1.7 “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...) Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? ” I Co 3.1,3. A idéia disseminada de que é espiritual quem fala em outras línguas, profetiza, pula, sapateia mina a visão correta da verdadeira espiritualidade que é manifesta pelo fruto do Espírito.

e) “Palavras piedosas” maquiam intenções ímpias. Quando aquela mulher cujo nome a história não registrou pegou o vaso de alabastro, com o precioso ungüento de nardo puro e derramou sobre a cabeça do mestre. Os maquiadores de plantão logo se indignaram: “Para que se fez este desperdício de ungüento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres.” (Mc 14.4,5) A intenção destes maquiadores era de fato ajudar aos pobres? Ou será que era outra a intenção?

A Maquiagem do Mal tem enganado a muitos, enquanto muitos estão ocupados em combater a maquiagem feminina, não se dão conta que estão maquiando o mal ou maquiados pelo mal. Abaixo a maquiagem do mal. Vivamos a obediência, o caráter, a vida e a espiritualidade!