25.11.07

The Corporation

Esta hora, fosse como um domingo comum, estaria eu no templo servindo no ato litúrgico. No entanto, estou recuperando-me de uma cirurgia conforme determinou e escolheu a sábia vontade de Deus. Assim sendo, estou dormindo, repousando, recebendo visitas, lendo livros, revistas teológicas, assistindo pregações, filme, documentário... e celebrando a alegria de viver em Cristo e com Cristo!

Há algum tempo, e um considerável tempo, um amigo sugeriu o documentário The Corporation, e interessado pela pauta do documentário o falei que em um feriadão prolongado o assistiria. O problema é que sempre havia algo a fazer nos feriadões. E sabia já de antemão que precisaria separar umas três horas para o tal dvd. E chegou o tempo em que tive, e tenho, muito mais do que três horas. Assisti, e recomendo-o.

The Corporation é um documentário que fala da centralidade que a corporação assumiu em nossa cultura hodierna e como nos últimos 150 anos ela conseguiu fazê-lo. Mostra que legalmente ela é uma pessoa, com os direitos de um indivíduo, e cogita-se que diante de suas ações e comportamentos, ela apresenta psicopatia. São voltadas inteiramente para o objetivo do lucro, independente das externalidades que isso produza.

Você ouvirá executivos, ativistas, espião, psicólogo, historiador, líder popular, filósofo... discursando temas relacionados as corporações. Fala-se de sub-emprego, trabalho infantil, a euforia da valorização do ouro em 11/09, os problemas ambientais, as ameaças a sáude, o abuso de poder.

A privatização da água na Bolívia que proibia-se até colher a água da chuva. O filtro pela força das receitas publicitárias de reportagens danosas a imagem, produto e lucro da corporação. As relações de corporações com a Alemanha nazista de Hitler, como, por exemplo, a IBM que teve participação importante para o holocausto.

A responsabilidade social e ambiental são apenas bandeiras para o lucro, pois o objetivo da corporação sempre é o lucro. E responsabilidade diz respeito à pessoa moral, já a corporação, é uma pessoa jurídica, e não física, ela é fictícia, ela não tem moral, logo não tem responsabilidade. Seus comportamentos e ações são muitas vezes monstruosos.

O que se percebe é que realmente o que dita o curso político são as grandes corporações. Elas passam a ter voz, onde se deveria ter representantes eleitos. O problema é que, inclusive, o processo eleitoral, já está contaminado pelas volumosas doações para campanhas políticas feitas pelas corporações. Acrescente-se o atentado explícito contra a democracia na tentativa de um golpe de Estado contra o presidente americano Roosevelt.

O silêncio da FDA sobre o potencial prejuízo a saúde de alguns alimentos, bem como do uso de produtos químicos para multiplicar o lucros nas "unidades produtivas", isto é, animais. A presença de dezenas de substâncias carcinógenas, causadoras de câncer, em produtos de beleza e higiene.

É um documentário que vale a pena ver, mas não esqueça de separar tempo suficiente. Ah! E a propósito há coisas que você encontrará paralelos com o problema da institucionalização e o eclesiasticismo postado anteriormente, claro guardado as devidas proporções.