Prossigamos com nossa conversa sobre cooperação ou operação conjunta iniciada na edição passada.
Tive a grata satisfação de receber um vídeo nestes dias de um texto que já algum tempo houvera lido. O vídeo retratava uma assembléia na carpintaria. O enredo tem mais semelhanças com a nossa fé do que simplesmente o ofício ali exercido, que é o mesmo do nosso Mestre. Cooperação e valorização do próximo são patentes na conclusão desta reunião da carpintaria.
Este binômio - cooperação e valorização - precede a própria criação do homem. No ato criativo de Deus percebemos isto quando Deus em seu relacionamento trino decide “façamos o homem” (cooperação dentro do santo mistério da Trindade na criação de Adão) “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (valorização do outro, Adão, ainda que inferior, criatura, Deus eleva-o a sua imagem e semelhança).
Após a criação do homem tem-se o mandato cultural de Deus, esta é a comissão que nós pentecostais às vezes ignoramos. Deus ainda que autosuficiente e não precisando de ninguém convida o homem a cooperar com Ele no zelo e cuidado pela criação, colocando-o como mordomo (valorização) sobre toda a criação.
Deus criou também uma cooperadora para Adão, que recebeu o nome de Eva, cabia-lhe ser ajudadora no cumprimento da comissão cultural. Deus ensina neste episódio que não é bom estar só, a humanidade não foi criada para viver isolada e numa concepção individualista, mas um viver relacional e cooperativo. E que o segundo humano que Deus cria é do gênero feminino, ensinando-nos também com isto a complementaridade e diversidade nas relações de cooperação. Pois, desde princípio Deus mostrou a singularidade de cada ser humano. E esta singularidade fala-nos da valorização de Deus que nos fez diferentes e únicos. E por sermos diferentes e únicos somos tão importantes neste grande quebra-cabeça que delinea o grande Plano de Deus. E como peças deste plano divino precisamos uns dos outros, quer direta ou indiretamente. E precisamos de Jesus Cristo, pois como ele mesmo disse: “sem mim nada podeis fazer.” Ele, o Senhor, é o dono deste quebra-cabeça, deste plano, só ele sabe em profundidade a importância de cada ser. E apesar de poder cumpri-lo à parte da vontade e querer humanos, Ele decide contar conosco e nos faz cooperadores de Deus também na Grande Comissão.
Ora se Deus, que não precisa de nós, decide contar conosco naquilo que lhe é mais precioso. Como nós somos audaciosos em querer fazer sozinho o que Deus nos chama a fazer como corpo de Cristo. Como nós olhamos para o outro e o rejeitamos porque ele não se enquadra dentro de nossos padrões e o excluímos até do Céu, como se fôssemos Deus!!! Porque és pés não falo contigo és imundo. Porque és ouvido e não olhos não tenho parte contigo! Meu Deus que cristianismo estamos vivendo! Quando a palavra nos diz que até mesmo os membros que reputamos menos honrosos a esses honramos muito mais! Quando ela assim o diz o fala para praticarmos a vida como igreja corpo de Cristo. E Igreja corpo de Cristo não fala de uma denominação particular, fala de todos aqueles que se refugiam na cruz do Calvário! E esta cruz de nosso Senhor Jesus Cristo é poderosa para apagar qualquer placa denominacional. Caso contrário, somos seguidores de denominações e instituições humanas e não seguidores de Cristo.
Quando compreendemos isso valorizamos o nosso próximo, mesmo aqueles que não chegaram ao conhecimento da Verdade. E ainda mais, jamais nos comportamos como o Olho que mora em I Coríntios 12.21 que diz à mão “Não tenho necessidade de ti”, pois compreendemos a importância do próximo e o valorizamos, e entendemos que precisamos dele e ele de nós, trabalhamos em cooperação.
Que a reflexão deste texto nos faça cooperativos com o próximo independente que seja um publicano odiado, uma mulher desprezível no poço de Samaria, alguns leprosos excluídos, ou trazer para junto de si um zelote, ou escandalizar todo um sistema pela razão de você valorizar o próximo acima das coisas estendendo a sua mão em cooperação.
Convido você a assistir o vídeo da carpintaria, você verá que sempre o outro tem um valor, uma virtude para cooperar num objetivo maior. Se aqueles instrumentos chegaram a uma conclusão tão elevada eu e você criados a imagem e semelhança de Deus precisamos ir além.
27.6.09
Cooperação
Postado por
Hilquias Benício
às
17:47
20.6.09
Cooperação e Rivalidade
De passagem pela segunda cidade mais alemã do sul do Brasil, Nova Petropólis, parei na praça das flores. Bela praça florida e com o famoso labirinto verde. Mas naquela praça a algo nem sempre retratado, trata-se de um monumento ao cooperativismo. Pessoas diferentes dispondo de suas forças e competências de forma conjunta de tal forma a alcançarem melhores resultados, ou outras vezes até tornar possível alcançar algum resultado.
Observar aquele monumento mexeu com meu íntimo ao considerar nossa relação com Deus e nossa interrelação no Corpo de Cristo. Ao pensar em nosso modo não apenas de pensar eclesiologia (doutrina da igreja) como o modo de viver a nossa eclesiologia. Quando muitas vezes reduzimos o Reino de Deus ao reino da Assembléia de Deus, ou ainda, ao reino da minha congregação, e não poucas vezes, aos reinos personalistas do eu. Perdemos de vista o caráter da unidade e diversidade do corpo de Cristo. Ignoramos os ensinos bíblicos e arvoramos como únicos detentores da verdade nos degladiando entre nós mesmos. Assembléias contra Assembléias, pastores contra pastores. Irmãos que são desligados por terem participado de um culto em uma igreja co-irmã. Meu Deus!!! Onde estamos!? Já se disse que uma das características de seita é proclamar exclusividade de salvação, destronando tal graça do próprio Deus. Como podemos dizer que somos filhos de Deus, se tomamos emprestado o tridente do desenho medieval do demônio e lutamos contra aqueles que foram comprados pelo mesmo sangue? Seremos filhos de Deus ao plantarmos a semente do divisionismo, do rivalismo, do partidarismo? É o poder do sangue de Cristo que nos remiu menor que a força do poder político eclesiástico ou da placa ministerial pendurada na fachada do templo? De modo algum!
Qual a razão de disputas entre igrejas, ministérios, seminários, rádios, pastores, membros e congregados? Porque olhamos para asilos, escolas confessionais, casas de recuperação, associações e as criticamos e propomos criar outra em um novo modelo? Numa nova visão? Será que as motivações são corretas? Ou são elas fruto de nosso orgulho pessoal ou denominacional? Porque nunca pensamos em unir forças? Visto que há delas que aqui e acolá quase fecham as portas? Não seria mais sensato de nossa parte auxiliar do que montar uma nova estrutura? Até mesmo os comerciantes para buscarem sobreviver buscam se associar, como temos a rede de supermercados Super Rede que se uniram para sobreviver e crescer, e nós filhos de Deus cada vez mais nos separamos e rivalizamos uns com os outros. Como isso pode acontecer? Porque somos ensinados a viver um separatismo e não um cooperativismo. Porque falhamos em ministrar a belíssima metáfora paulina da igreja como sendo um corpo que sendo diferentes membros só são corpo no conjunto e jamais serão corpo se os membros estiverem separados. Quando falo falhamos em ministrar digo não a elaboração de um belo discurso em um culto doutrinário, falo inclusive do viver pastoral que comunica esta irmandade, respeito e estende as mãos para trabalhar conjuntamente ao invés de virar as costas e falar mal da igreja A ou B ou do pastor X ou de um projeto social delta.
Para alguns esta leitura é fácil. Mas para muitos esta leitura é por demais inconveniente, aliás viveram a história separatista, viveram momentos tensos que ainda estão cravados em sua memória, viveram perseguição ou ainda foram os próprios perseguidores. E afinal o que fazer? Olhar amorosamente para nossos irmãos lembrando que eu e você não merecemos, mas somos amados por Deus em Cristo Jesus. E fica como sugestão: Tente amar aqueles do rebanho de Deus sob seus cuidados que você julga mais difícil de fazê-lo e prossiga estendendo este amor aqueles que estão em Cristo embora não estejam no rol de membro da igreja que você pastoreia nem no rol de membros de outra igreja da mesma convenção que a sua. Afinal precisamos rever nosso pensar e nossa prática eclesiológica.
Postado por
Hilquias Benício
às
09:08